Na nossa primeira coluna apresentamos aqui o conceito de Inteligência segundo a (Lei nº 9.883/1999). Relembrando, é "a atividade que se destina à obtenção e à análise de dados e à produção de conhecimentos, que subsidiem o processo decisório da mais alta administração do País e a ação governamental, especialmente no tocante à segurança da sociedade e do Estado."
Como quase tudo na nossa vida, se existe uma ação, haverá outra ação, em sentido contrário. Não é diferente na atividade de Inteligência. A mesma lei, no parágrafo seguinte, conceitua contrainteligência como a atividade que objetiva neutralizar a inteligência adversa.
A legislação apresentada trata de Inteligência de Estado e, por isso, foca apenas nesse aspecto da proteção do conhecimento frente uma Inteligência adversa. Procurando melhor explicar, um Estado produz informações com a finalidade de melhor se preparar no ambiente internacional enquanto outros fazem o mesmo. É fácil compreender que negar determinada informação a um Estado seja interessante e poderá nos colocar em uma situação mais vantajosa em eventual necessidade.
No meio militar não há nenhuma distinção e, talvez, seja até mais simples compreender a necessidade de o inimigo não conhecer nossas fraquezas ou a localização de nossas melhores forças ou nossos depósitos de munições enquanto seria extremamente valioso conhecer a do nosso adversário.
Trazendo para o meio corporativo e fazendo a mesma correlação podemos entender que a aplicação prática dos conceitos de Inteligência e Contrainteligência estão sempre presentes. Uma empresa que produza determinado equipamento com um custo teria muito interesse em conhecer os métodos de produção de sua concorrente que tem um custo equivalente à metade do seu. A busca dessa informação é Inteligência para uma empresa e a proteção dessa informação é Contrainteligência para a outra.
Voltando ao conceito, percebe-se claramente um viés ativo de neutralizar uma ação. Ocorre que a Contrainteligência também possui um outro objetivo, mais passivo e preditivo. Denominamos essa parte de Contrainteligência passiva, ou como chamamos no Exército, Contrainteligência Orgânica.
A Contrainteligência orgânica é a responsável por levantar riscos e tomar medidas para mitigá-los, evitando ou ao menos minimizando perdas. A perda impacta diretamente o lucro das corporações e, por isso, as empresas vem cada vez mais investindo em medidas de prevenção voltadas para a sua redução.
Conhecer os elementos que compõe o risco e saber tratá-los é a melhor forma de reduzir as perdas. A Contrainteligência pode contribuir para isso.
Voltaremos a esse assunto na próxima coluna! Até lá.
Sobre a coluna insights de Inteligência por Clarity Sensus
A Clarity Sensus é uma empresa de treinamento e consultoria sediada em Sorocaba. A cada duas semanas publica textos com ideias relevantes e atualizadas relacionadas à Inteligência, Gestão de Riscos, Compliance, Investigações, Prevenção de Perdas e outros temas correlatos.
Andre Maurmann é coronel da Reserva do Exército Brasileiro. Possui diversos cursos civis e militares na área de Inteligência, desde operações até análise estratégica. Especializado em entrevista e em comportamento não verbal e análise de credibilidade. Autor do livro Guia de Entrevista Investigativa, lançado pela editora Pró-Consciência em 2020.
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