O Brasil ainda é um país dividido entre extremos, e a direita reacionária se movimenta com pautas pseudo ideológicas que escondem, como pano de fundo, objetivos mesquinhos e políticos, transformando a vida de meninas, moças e mulheres em mero escambo de sua dignidade.
O PL do aborto, que compara o Brasil a países como o Afeganistão, é injustificável, pois significa condenar de forma antecipada as vítimas, já condenadas pela vergonha e pelo medo da rejeição e preconceito da sociedade. Sujeitá-las à possibilidade de serem condenadas e presas, inclusive com penas maiores que as dos estupradores, é um escárnio. Seria cômico se a situação não fosse trágica.
Sou cristão-evangélico e a favor da Vida sempre! Mas existem atenuantes que necessitam ser analisadas à luz da ciência e não da banalização da justiça, com leis infundadas moral e cientificamente.
O estupro é hediondo, mas obrigar a mulher a levar adiante a gravidez, além de tudo o que se pretende, é impor também a pena de tortura psicológica. O ato do estupro jamais será esquecido e conviver com o fruto dessa conjunção carnal forçada é manter o crime do qual foi vítima presente todos os dias de sua vida restante.
Outro caso é o dos fetos anencéfalos (sem cérebro), e forçar a manutenção da gravidez é condenar a mulher, o pai e os familiares a um luto prematuro e a uma tortura psicológica de consequências inimagináveis.
O engavetamento do projeto pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra, se deve mais ao reflexo negativo que pode causar sobre as eleições municipais deste ano do que à sensibilidade e responsabilidade. Novamente, é preciso que se traga à tona mais um pano de fundo: a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara Federal, em fevereiro de 2025. Na tentativa de manter sua influência e eleger seu escolhido, Lyra se comprometeu a votar pautas ideológicas da bancada evangélica, de quem depende para seguir seus intentos políticos pessoais. Aí está novamente o escambo em evidência.
O aborto precisa e deve ser tratado sob a ótica da saúde pública e não sob a ótica de ideologias religiosas que desejam levar as vítimas aos tribunais. Criança não é mãe, bebê não é boneco, e a vida não é uma enfeitada e maravilhosa casa de bonecas.
Lógico que há clara necessidade de se analisar todos os casos, sua veracidade e à luz da ciência, mas para isso a justiça precisa ser célere. Negar a ciência, sobrepondo crenças e objetivos difusos, traz consequências terríveis, e já vivemos isso em passado recente com mais de 700 mil mortes no país.
Ser cristão é uma busca incansável para tentar se aproximar do caráter de Cristo, jamais do caráter de Judas e de seus algozes.
Crédito a Diego Amaral – empresário, cristão, pré-candidato a vereador PSOL SBC.
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