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Reflexões sobre a falta de Humanização nas UTIs

Por: Raquel Motta

03/05/2024 16h48 Atualizada há 9 meses
Por: Redação Fonte: Prisma Consultoria em Saúde
© Imagem Retirada da Internet
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As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são locais que ganharam grandes  avanços em tratamentos e controles com o advento das tecnologias, onde equipamentos de última geração trabalham incansavelmente para manter estáveis pacientes extremamente críticos. No entanto, por trás dos diversos monitores e equipamentos, barulhentos e piscantes, muitas vezes se esconde uma preocupante falta de humanização da equipe multiprofissional. A crescente ênfase na eficiência técnica tem obscurecido a importância do toque humano, da empatia e da comunicação, essenciais para o bem-estar físico e emocional dos pacientes.

A relação entre médico e paciente, que deveria ser marcada pelo respeito mútuo e confiança, muitas vezes se degrada na UTI devido à distância emocional que são impostos. Pressões de tempo, a alta demanda de pacientes e a exposição constante a situações críticas podem fazer com que alguns profissionais de saúde vejam os pacientes mais por sua doença ou caso clínico do que como seres humanos singulares, pessoas que tem ansiedades, angústias, insônia e medo da morte. Essa despersonalização resulta em uma falta de conexão empática, tornando os pacientes mais vulneráveis a sentimentos de isolamento e medo.

Em muitas UTIs, a comunicação entre médicos e pacientes muitas vezes se limita a discussões técnicas sobre tratamentos e prognósticos. A linguagem médica complexa pode ser um obstáculo para o entendimento dos pacientes e suas famílias, levando a uma falta de clareza sobre o que está acontecendo e quais são as opções disponíveis. A ausência de informações compreensíveis, da escuta ativa e da oportunidade de fazer perguntas, podem aumentar a sensação de impotência dos pacientes, deixando-os à mercê das decisões médicas e da equipe.

A falta de humanização nas UTIs que trato aqui, pode ter um impacto significativo na saúde mental dos pacientes. Suas incertezas sobre seu estado de saúde, a ausência de contato humano caloroso e o ambiente frio, podem levar a sentimentos de depressão e solidão. Além disso, a percepção de que os médicos e equipe estão mais focados nas máquinas e computadores do que no paciente pode minar a confiança no processo de cuidado, aumentando a sensação de desamparo.

Numa tentativa de reverter essa falta de humanização, é essencial que na formação médica e dos demais profissionais de saúde, inclua uma ênfase não apenas nas habilidades técnicas, mas também na comunicação compassiva e na empatia. Incentivar os profissionais a se engajarem mais profundamente com os pacientes, a ouvirem suas preocupações e a responderem às suas perguntas de maneira compreensível. Além disso, implementar equipes multidisciplinares que incluam psicólogos e assistentes sociais pode proporcionar um suporte mais holístico aos pacientes, além da inserção das terapias complementares e de bem estar, que privilegiam os aspectos bio-psico-social-espiritual.

A falta de humanização nas UTIs é uma preocupação que não pode ser negligenciada. A tecnologia avançada é uma ferramenta poderosa, mas quando utilizada em detrimento do aspecto humano do cuidado, podem gerar um preço emocional e psicológico elevado nos pacientes. É crucial que a equipe de saúde se lembre constantemente da importância de tratar os pacientes como centro, não apenas seus casos clínicos, mas como seres humanos com histórias, emoções e necessidades únicas, que perpassam sua doença ou adoecimento. Ao equilibrar a tecnologia com a empatia, e com uma formação que embase as ações clínicas centrada no paciente, podemos criar UTIs que não apenas salvam vidas, mas também respeitam a dignidade e o bem-estar dos indivíduos que dela necessitam.

Colunista Raquel Motta
Sobre Colunista Raquel Motta
Dir. Executiva da Prisma Consultoria em Saúde e Prisma Digital
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